segunda-feira, 26 de maio de 2008

Novas tecnologias e o processo ensino-aprendizagem


* Laudinéa de Souza Rodrigues


A sociedade está passando por grandes transformações, no cotidiano de todas as pessoas há a difusão de novas tecnologias, com isso, se vêem diante de novos desafios, pois, participar da sociedade moderna exige habilidades na operação dessas tecnologias.


Os profissionais da educação não se alheiam a essa transformação, estão cada vez mais atentos aos novos desafios que os indivíduos e os grupos sociais precisam enfrentar, entre esses desafios está o fato de que o nível educacional exigido está cada vez mais alto, mas para que o indivíduo se encaixe nessa modernidade faz-se necessário um processo educacional complexo e prolongado.
Atualmente acredita-se que o aluno envolvido e interessado aprende com muita energia e facilidade, por isso é necessário que se apresente a ele saberes significativos e interessantes podendo entender o valor real do que ele está estudando.


É primordial a construção da necessidade de aprendizagem no aluno como também saber que ele precisa de tempo para compreender sua importância e como pode ser aplicada no seu dia-a-dia, deve ter participação crítica, colaboração ativa e autonomia, além de que a sala de aula deve ser extremamente prazerosa.


Perante os grandes avanços tecnológicos o educador se vê diante do desafio de romper os limites de sua formação e construir relações entre as novas tecnologias, o ensino e a aprendizagem. Esses recursos favorecem uma série de possibilidades para tornar o aprendizado mais atraente, mas devem estar inteiramente associados aos objetivos didáticos que o educador pretende alcançar.


Toda a base da Tecnologia Educacional está vinculada ao desenvolvimento das teorias da aprendizagem, dependendo do tipo de estudante que se deseja ensinar e ainda considerando-se os meios que se tenha em disponibilidade, é essencial selecionar uma teoria dentre as existentes, podemos analisar quatro teóricos que apresentaram idéias para o planejamento da instrução, Miller, Skinner, Gagné e Ausubel.


Miller descreve quatro princípios essenciais para a instrução, sendo o primeiro a motivação, o aluno deve estar motivado, ou seja, querer alguma coisa, os meios instrucionais podem estimular essas motivações. O segundo é a pista, o estudante deve notar alguma coisa em relação aos materiais instrucionais que salientam as pistas importantes para a aprendizagem. O terceiro princípio é a resposta que se realiza na participação, o aluno deve fazer alguma coisa com o conhecimento recém-adquirido. O quarto é a recompensa, o estudante deve receber alguma coisa que deseja em função do que tenha feito.


Skinner enfatiza o controle do estímulo que se desenvolve na modelagem, na aproximação sucessiva e no encadeamento presentes no processo de ensino aprendizagem. Sua teoria sugere procedimentos práticos para a preparação da instrução.


Gagné descreve alguns princípios para o processo de instrução, o primeiro é o das condições diferentes para diferentes tipos de aprendizagem, o segundo é chamado de aprendizagem cumulativa, de acordo com a teoria de Gagné existe sempre um mínimo de pré-requisitos para cada nova tarefa a ser aprendida.


O último teórico é Ausubel, seu princípio mais importante é o da subsunção, onde a aprendizagem se dá quando uma nova idéia é introduzida dentro de uma estrutura relacionada a um conhecimento já existente no indivíduo. Um segundo princípio é o da diferenciação progressiva, para ele as idéias mais genéricas devem ser apresentadas primeiro e depois os detalhes e especificidades do conteúdo, o terceiro princípio é o que ele chama de consolidação, isto significa que a insistência no domínio da seqüência das aulas antes que novos conteúdos sejam introduzidos, seu último princípio é a reconciliação integrativa, aqui ele diz que as novas idéias apresentadas devem estar relacionadas as idéias anteriores.


A aprendizagem de qualquer material de instrução, segundo os conhecimentos oferecidos pelas teorias que explica o seu processo, depende principalmente das contribuições oferecidas pelo próprio estudante, podemos considerar a aprendizagem um assunto individual determinada pelo que o estudante faz, este deve ser o foco das atenções.


Skinner formula uma série de propostas, com pressupostos científicos condutivistas, aplicáveis às situações de aprendizagem, afirma que a análise experimental do comportamento produziu uma tecnologia do ensino pela qual é possível deduzir programas, planos e métodos.


Travers conclui que a idéia de desenvolver uma tecnologia educacional sobre a base do condicionamento operante reflete um otimismo injustificado, mas representa um passo a mais no caminho percorrido. Miller formula a hipótese de que a capacidade humana para canalizar unidades de informação de maneira simultânea estava limitada a sete itens. Piaget e Vygotsky contribuem para a formação de uma nova psicologia como forma de conceber processos de aprendizagem, a abordagem cognitiva. Hawkridge destaca a mudança qualitativa que representa para tecnologia educacional o desenvolvimento de um paradigma cognitivo diante da concepção construtivista da aprendizagem.


A existência de uma tradição dominante durante anos na teoria da educação caracteriza e justifica uma tecnologia educacional apoiada na abordagem empírico analítica. O conhecimento obtido a partir destas pressuposições apóia-se na identificação de fatores que procuram estabelecer uma tipologia de relações causa/efeito. Podemos encontrar duas linhas de trabalho em relação ao objeto e à natureza da tecnologia educacional, a primeira concentra-se no estudo dos meios de ensino como instrumentos geradores de aprendizagem e a segunda se dedica ao estudo do ensino como processo tecnológico.


A concepção que atualmente sustenta a teoria da comunicação possui uma visão multidisciplinar, já muito afastada dos estritos conceitos matemáticos. A teoria Geral de Sistemas traz uma concepção sistêmica aplicável ao processo educacional com a finalidade de regular e controlar as variáveis fundamentais que incidem no mesmo e de descrever a totalidade do processo de programação-ensino-aprendizagem.


Segundo Simon o projeto constitui-se no núcleo de qualquer formação profissional, é o principal aspecto que distingue as profissões das ciências. A essência do projeto está em idealizar linhas de ação destinadas a mudar as situações existentes que se apresentarem.


Para Gropper as teorias ou modelos educacionais devem apresentar capacidade para aplicar uma análise das necessidades, capacidade para quantificar os parâmetros que descrevem as condições analisadas e os tratamentos correspondentes, compatibilidade com uma teoria da aprendizagem e estabelecimento de uma conexão explícita entre uma teoria da aprendizagem e uma teoria ou modelo educacional.


A teoria curricular representa uma importante contribuição para compreender a evolução da didática como ciência. Há três linhas curriculares que dominaram os desenvolvimentos epistemológicos, a abordagem tecnológico-curricular, o currículo como teoria do ensino e o currículo como uma concepção prática da formação.


Os componentes do currículo atuam globalmente na prática de maneira que a análise desses componentes deve ser realizada em função dos processos de definição curricular. Podemos afirmar que uma concepção da intervenção educacional baseada em uma perspectiva mais ampla não se limita a contextualizar as possíveis funções dos meios em uma proposta curricular. O processo de ensino aprendizagem deve consistir em um modelo dinâmico que gira em torno da inter-relação de quatro componentes de referência, a formulação de metas, o projeto da aprendizagem, a avaliação e o aperfeiçoamento.


O traço mais característico da tecnologia educacional é o de constituir um campo de atividade em permanente mudança, seus conteúdos procedem de outros campos científicos. As novas situações em relação à organização da escola, o projeto de materiais educativos, a elaboração de projetos curriculares, a utilização de modelos qualitativos de pesquisa exigem novos conceitos de tecnologia educacional. A tecnologia aceitável é aquela que contribui para a profissionalização pedagógica do educador.


O domínio das novas tecnologias pelo professor deve ser considerado como um traço profissional que possibilita a resolução de situações reais, o professor aqui tratado é um profissional ativo, capaz de transferir para a prática e de forma auto-suficiente o currículo. As concepções e habilidades do educador definem a utilização que irá fazer de diferentes programas e meios educativos.

Um comentário:

conceição disse...

Laudineia, a exposição de idéias relacionadas aos teóricos que você apresentou, ficou ótima.

Parabéns, gostei muito!