quarta-feira, 4 de novembro de 2009

O QUE É UM BOM CURSO A DISTÂNCIA?

CONCEIÇÃO APARECIDA

ELIANE CALDEIRA

JAQUELINE R. DE MATOS

WESLEY G. MARTINS


INTRODUÇÃO


A educação brasileira está se adaptando às necessidades da sociedade, e o principal desafio é a adequação às grandes modificações sociais, culturais e econômicas criadas pela explosão das novas tecnologias. Nesse sentido, inovar é indispensável e urgente, mas não se trata de adaptar a educação às tecnologias, e sim iniciar um novo momento de aprendizado.

Este novo momento de aprendizagem requer do profissional dedicação e quebra de paradigmas, uma vez que o recurso tecnológico ainda é visto como algo à parte. A evolução ocorre, esse é o processo natural das coisas, há uma grande diferença entre a realidade do século XIX para a do século XXI e tudo tem por base a educação, é essa que alavanca o processo da evolução e do desenvolvimento das coisas e cabe ao professor essa minuciosa tarefa. Muitas escolas já estão equipadas para fazer uso da nova filosofia de ensino e aqui situa a função-chave de uma escola reinventada, aquela que vai dar estrutura a um mundo de diversidade, irá fornecer os contextos e saberes de base para uma autonomia de sucesso nesse mundo, e ministrar as respostas humanas compensatórias de que a escola dos nossos dias tem que encarar esse processo evolutivo sem questionar a eficiência do antigo e nem desfazer da eficácia do novo.

O mundo moderno vive em constante transformação, e a tecnologia inserida em seu cotidiano se fez processo irreversível pelo fato de que a educação a utiliza como um dos seus principais instrumentos no que se refere à Educação a Distância - EaD.

A disputa e a competitividade do mercado de trabalho exige que o indivíduo mantenha-se atualizado e possua uma formação que o qualifique para encarar os desafios atuais, dentro da profissão que este tenha escolhido. As dificuldades encontradas por muitos no que se refere a tempo disponível ou acesso a escola, faz com que a EaD se torne fundamental para a execução de uma política educacional que permita a inserção dessas pessoas na escola.

A modalidade de Ensino a Distância vem ao longo dos anos sofrendo inúmeras críticas e passando por transformações. As opiniões se divergem. Há pessoas que acreditam que a EaD é um meio viável de promoção do conhecimento e erradicação das desigualdades que ainda estão presentes na educação, em contrapartida há quem desacredite de sua eficácia e qualidade. Diante de tantas controvérsias, fica a interrogativa: o que seria um bom curso a distância?


EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA, OS PRÓS E OS CONTRAS


O estudo abaixo mencionado é de acordo com Samuel Pfromm Netto, professor (aposentado) da USP, em uma conferência proferida no CIEE, São Paulo, em 27 de setembro de 2005. Ele menciona a longa história do ensino a distância, que começou no primeiro século da era cristã com São Paulo, o Apóstolo, o pioneiro dessa modalidade de ensino sem a presença viva do professor.

Paulo difundiu o cristianismo por meio de cartas que trocava com as nascentes comunidades cristãs daqueles tempos. Lembramos aqui, as palavras de Paulo Freire, “Entendemos que, para o homem, o mundo é uma realidade objetiva, independente dele, possível de ser conhecida. É fundamental, contudo, partirmos de que o homem, ser de relações e não só de contatos, não apenas está no mundo, mas com o mundo. Estar com o mundo resulta de sua abertura à realidade, que o faz ser o ente de relações que é.” A pergunta é o seguinte: Tem o Brasil de hoje real necessidade de ensino-aprendizagem à distância? Tem-se, sobre o quê e para quem? Ministrado por quem? Sob quais condições e com quais mecanismos de controle de qualidade e avaliação? Não custa nada lembrar que nós, brasileiros, somos filhos da Europa. Somos filhos de Portugal, como sociedade organizada e civilizada. Acontece que herdamos a fragilidade da educação formal dos nossos avós d’além-mar. No começo do século passado, apenas um quarto da população portuguesa adulta era alfabetizada. Em meados do século, a taxa de analfabetos em Portugal era mais ou menos a mesma que a do Brasil. Isto contrastava de maneira flagrante com a situação existente nos principais países civilizados. Há cem anos ou mais o analfabetismo estava praticamente extinto no então Império Germânico, no Japão, na Dinamarca, na Suíça, na Suécia... Em contrapartida, eram alarmantes os índices de analfabetismo nos países latino-americanos, durante a maior parte do século XX. O Brasil não constituiu exceção a essa regra.

A expansão desta modalidade de EaD, é uma realidade do nosso tempo e o seu aperfeiçoamento é fundamental para o bom desenvolvimento. No entanto devemos analisá-la sob dois contextos, o ideal e o real.

Não podemos negar que existem excelentes escolas de Educação a Distância, com professores preparados, com objetivos definidos, conhecedoras do perfil do aluno, que analisa conteúdo pedagógico e o respeita ao longo do curso, se preocupando em como transmiti-lo, buscando formas eficientes de avaliar o aluno e verificar se de fato houve assimilação e conseqüentemente aprendizado.

Em contrapartida existem EaDs que visam somente lucro. O principio básico da educação escolar, que é o de ensinar, foi substituído por uma visão financeiro. Nessas pseudo instituições de ensino não se vendem o conhecimento, mas sim diplomas, vazios e sem conteúdos.

Na educação a distância brasileira, há de se lamentar a displicência com que tem sido trabalhada a problemática do conteúdo específico que é objeto de ensino-aprendizagem. Situa-se aqui um dos mais graves problemas da educação a distância brasileira. Ponha lixo conteudístico num programa de EAD e os alunos engolirão lixo. Conteúdos destinados ao preparo ou à reciclagem de professores podem ser astuciosamente trabalhados para seduzi-los com anacronismos, meias-verdades, concepções estapafúrdias e propostas metodológicas sem qualquer fundamento em pesquisa científica séria que garanta sua eficiência. No que respeita a conteúdo, a lição internacional nesse sentido é, primeiro, recorrer a experts com domínio exemplar do conteúdo a ser ensinado e aprendido. Em segundo lugar, não basta contarmos com poços de saber. Um profissionalismo em “design” instrucional se impõe aqui, para a análise psicopedagógica desse conteúdo e a otimização da sua apresentação, em seqüências lógica e psicologicamente estruturadas de maneira a facilitar a trajetória de aprendizagem do estudante.

Sem dúvida alguma a EaD é uma modalidade de ensino que veio como uma alternativa dentro da Educação, dando oportunidades às pessoas sem condições físicas ou tempo hábil para freqüentar uma sala de aula dentro do método presencial e convencional.

No entanto, esse tipo de educação sempre esteve cercado por criticas, ora favoráveis, ora desfavoráveis, pois em nossa sociedade a democratização de oportunidades ainda é um desafio.

Infelizmente o que se constata em não poucos programas de ensino a distância disponíveis é um simples amontoado de informações. Desde tempos remotos sabe-se que aprender não é simplesmente ser exposto a informações – e pior ainda, quando estas são semânticas, visual e seqüencialmente mal estruturadas.

Ensinar bem física, química, matemática ou língua portuguesa não é fazer algo como propaganda de lojas, sabonetes ou automóveis ou produzir uma telenovela.

Dentro da política governamental que prega “educação para todos”, a EaD se apresenta como uma proposta facilitadora para esse fim, haja vista a acessibilidade que ela oferece, pois sendo flexível permite ao aluno escolher quando e onde estudar e essa modalidade de ensino deve conter recursos que desenvolva no aluno o interesse pelo curso escolhido, promovendo debates em salas virtuais e facilitando seu contato com o professor, pois o fato de estudar quase sempre sozinho é fator determinante para a desistência do mesmo e infelizmente comete-se reiteradamente o erro de pensar que, em ensino a distância, basta meia dúzia de pessoas inexperientes e mal remuneradas para fazer ensino à distância de boa qualidade. Pior ainda: há até quem acredite que uma só pessoa pode fazer tudo. Essa caricatura cabe aqui, para sublinhar o ponto central: não há ensino a distância de baixo custo. Os custos são elevados, não só em virtude das tecnologias envolvidas, mas principalmente porque é necessária uma equipe bem numerosa, de profissionais qualificados, bem experiente e bem remunerada. Chega a ser tenebroso fazermos ensino a distância com professores e profissionais de mídia mal pagos, despreparados e em pequeno número. Queiramos ou não, aplicam-se ao bom ensino a distância os mesmos princípios, as mesmas exigências, que as indústrias de médio e grande porte conhecem e levam em conta no fabrico de seus produtos. Não esperem jamais que meia dúzia de trabalhadores famélicos e despreparados façam um Boeing. Se estes conseguirem fazê-lo, é fatal que o avião caia e mate muita gente. As coisas não são diferentes, em educação a distância. O custo per capita do aluno da educação a distância pode ser incrivelmente baixo, tanto menor quanto maior é o número dos estudantes que dele se beneficiam. Mas o custo real da criação e do funcionamento de bons cursos a distância tende a ser elevado. Como tudo neste mundo, desconfiem dos barateiros da vida e voltem às costas para eles.

Podemos, portanto, afirmar, que boa parte da nossa população não se insere no mundo das pessoas capazes de ler e escrever corretamente. O quadro se torna mais grave quando consideramos que ao analfabeto ou semi-analfabeto é vedado por inteiro o acesso a informações, conhecimentos e procedimentos que dependem do domínio adequado da tríade ler-escrever-contar, assim como aos de natureza científica e tecnológica, econômica, política, geográfica, histórica, etc. É duro demais reconhecer que nós, brasileiros, somos uma ilha de pessoas com grau pelo menos médio ou razoável de cultura, em meio a um oceano imenso de ignorância. Duro demais, mas indispensável, se desejamos encarar com objetividade os imensos desafios de escolarização que o país precisa enfrentar, nesta década e na próxima, para superar de uma vez por todas essa indigência cultural, cientifica, cívica e profissional de grande parte da nossa gente. Necessitamos sim, de educação à distância, a fim de minorar esse quadro acabrunhante da realidade educacional brasileira nos dias que correm.

Educação à distância, em poucas palavras, quer dizer fornecimento de programas educacionais a estudantes fora das escolas. Professores e alunos, neste caso, não se encontram no mesmo local, para fins de ensino e aprendizagem e um dos itens favoráveis da EaD é a de proporcionar às pessoas que moram em locais que não tem uma universidade ou mesmo em regiões distantes, de difícil acesso, a possibilidade de estudar e conseguir um diploma.

O aluno da EaD, sendo consciente da sua opção de estudo e responsável, terá diante de si um mundo de informações, oferecidas pelo computador através da internet. E a instituição responsável por esta modalidade de ensino que for consciente de seu papel e responsável por ele, deverá orientar o aluno por caminhos através dos quais ele encontre apenas sites de confiança e que de fato lhe seja útil.

Deve-se ter a consciência de que a EaD não veio para substituir a escola convencional, mas sim se somar a ela, oferecendo maneiras diferentes de adquirir conhecimentos.

A evolução tecnológica tem oferecido ferramentas para que se produza uma boa EaD, e os responsáveis por ela devem conscientizar-se de que somente através da educação o mundo evoluirá, e essa modalidade poderá auxiliar nessa evolução.

É obvio que existem muitas outras fontes recentes de informações a este respeito, que podem ser identificadas por meio da internet, mas merece um destaque especial os cursos a distância por correspondência, podemos citar como exemplo a série de volumes anuais do Peterson’s distance learning programs, assim como o Peterson’s the independent study catalog que são eficientes cursos a distância por correspondência nos EUA.

Os que se debruçarem sobre essa literatura verão, primeiro, que educação a distância tem sólidas raízes fincadas em cursos por correspondência, em “home study schools” que existem desde o século XIX na Europa e na América do Norte, mas há notícia de iniciativas ainda mais antigas, como um curso de taquigrafia à distância ministrado em Boston (EUA) nos longínquos idos de 1728. O surgimento, primeiro, do cinema, ainda no século XIX, e já no século XX, das gravações sonoras, do rádio, da televisão e das gravações em videoteipe e em CD, fez com que o significado da denominação educação a distância passasse cada vez mais a ser associado à tecnologia eletrônica.

Conforme Mário Sérgio Mafra, professor de filosofia “O importante é que se construa a educação à distância como um sistema que possibilite atendimento de qualidade, acesso irrestrito a todos quantos dele necessitem, principalmente porque se constitui uma forma inquestionável de democratização da educação, do saber, do conhecer, do questionar, do participar, da perspectiva do exercício consciente da cidadania”.

Os alunos comprovadamente aprendem o que é ensinado à distância. No mundo inteiro, EAD de boa qualidade depende de três componentes essenciais: o conteúdo a ser ensinado e aprendido, o envolvimento do aprendiz por meio de perguntas ou atividades a serem executadas e fornecimento de “feedback”, de conhecimento de resultado. Além disso, é necessário levá-lo a fazer generalizações e discriminações, a formar conceitos, a lidar com exemplos e contra-exemplos, a assimilar conhecimentos declarativos e procedimentos. Boa EAD depende de bom “design” instrucional.


CONSIDERAÇÕES FINAIS


Levando em consideração o grande número de escolas que oferecem cursos à distância, fica evidenciada a necessidade de se lançar um olhar mais atento e crítico em relação as que oferecem a EaD. A diversidade de instituições que oferecem atualmente esse curso, visando somente lucros é muito grande, infelizmente para alguns a educação virou comércio ou um meio de vida.

Sabe-se que um bom curso, seja presencial ou à distância, deve ter por princípio bem definido sua proposta filosófica de ensino e não fugir dela. Para José Manuel Moran (2001), um bom curso a distância deve ter: professores inovadores, qualidade pedagógica e tecnológica, boa interação entre os participantes, e um bom equilíbrio entre o planejamento e a flexibilidade, mas nunca podemos esquecer também, que uma boa EaD, depende e muito dos alunos, principalmente quando esses são curiosos e motivados e sendo assim eles facilitam o processo educacional e estimulam os professores a serem mais eficientes. Há poucos dias, o Ministro da Educação Fernando Haddad, destacou a importância da EaD e definiu a Universidade Aberta do Brasil (UAB) como ponto determinante para o futuro da educação brasileira.

E Partindo dos estudos de Skinner, justificamos o uso do computador como recurso válido para o desenvolvimento de habilidades e competências em alunos de todas as séries, preparando-os para um mercado de trabalho cada vez mais convulsionado por inovações. Dentro deste contexto, podemos destacar os princípios do comportamento humano. As características importantes apresentadas por ele são:

· apresentar a informação em seções breves;

· testar o estudante após cada seção;

· apresentar feedback imediato para as respostas dos estudantes.

As teorias de Skinner vêm ao encontro do crescente uso do computador na educação, bem como também todos os recursos tecnológicos disponíveis, justificando assim a importância de tais usos.

Trazendo estes conceitos para a área da informática na educação, podemos considerar que para um trabalho obter resultados positivos, pode utilizar as tecnologias da informação e comunicação de forma que possam contribuir para o aprendizado dos estudantes. E para que isso ocorra o trabalho deve ser cooperativo, colaborativo e interativo.

Essas contribuições podem ser de forma presencial ou à distância. À distância as contribuições podem ser através de uma lista de discussão, e-mail entre outros, considerando também que na atualidade, a internet permite a possibilidade não só de buscar informações, como também auxiliar o professor no processo de educação à distância, utilizando novos métodos de interação com o aluno, como participação em chats, listas de discussão, e videoconferências.

Por fim, é preciso compreender que formar cidadãos dentro da globalização, é educar para a cidadania, é ensinar a viver na mudança e não querer controlá-la. Entender que é impossível parar o mundo e assim, procurar adequar a nossa forma de educar, as mudanças rápidas e aceleradas presentes no mundo.


REFERÊNCIAS


MORAN, José Manuel, MASETTO, Marcos & BEHRENS, Marilda. Novas tecnologias e mediação pedagógica. 14ª edição, Campinas: Papirus, 2007;

http://mais.uol.com.br/view/09bg3eqyfis6/o-papel-da-educacao-a-distancia-ead-04023672C0C10326?types=A&;

pna@pna.com.br.

7 comentários:

Lívia Matoso disse...

Este trabalho de vocês é uma produção muito reflexiva, é preciso pensar na Ead como uma modalidade que exige aperfeiçoamento na busca da qualidade do ensino.
Esta disciplina de Ead no geral deixou-me bastante curiosa de como o MEC avalia estes cursos, se utiliza os mesmos critérios das avaliações feitas com o presencial, também quero estudar mais acerca do perfil dos estudantes de Ead e quais suas perspectivas, se de fato acreditam nesta forma de aprender...
Um abraço Lívia

Osvaldo da Silva disse...

Muito boa essa linha de abordagem adotada por vocês. Como no ensino regular, na EAD também se faz necessário uma constante pesquisa e aprofundamento com vistas a possibilitar uma qualidade de ensino. Mais do que modismo, devemos vê-la como um processo educativo que apesar de apresentar diversas particularidades, evidencia que educar exige cuidado e solidez nos objetivos e nas propostas.

Juciane disse...

Oi queridos!!
Assim como no ensino presencial é notório que a EAD encontra falhas e dificuldades para estar em atividade. Acredito que as falhas estão no ser humano, mas que estão também nele, a vontade de ser melhor de recriar, de inovar...então esperemos que as partes positivas sejam maiores que as falhas...

Marta Cristiana disse...

Acredito que existem instituições e instituições, as sérias e as não comprometidas com o aprendizado dos alunos.

Academicos de Pedagogia 8º periodo disse...

Oi pessoal, lindo trabalho, realmente devemos nos preocupar para que o ensino a distancia seja algo bem sucedido e que tenham uma boa dose de avaliação por parte do MEC.

Márcia Regina

Jandira Lima da Silva disse...

Como no ensino presencial, há várias modalidades de ensino no EaD.Existem instituições sérias e compromissadas com a aprendizagem do alundo, enquanto existem outras que não são tão comprometidas assim.

Academicos de Pedagogia 8º periodo disse...

ACREDITO QUE PARA UM CURSO SER OFERTADO NA EAD, NAS INSTITUIÇOES SÉRIAS, O MEC PRESISA DA O SEU AUTORIZAÇÃO.

VIVIANE 8º PERIODO