Perspectivas em EAD
* Kesia de Oliveira Vieira
José Manuel Moran
Nasceu na cidade de Vigo, Espanha, e em 1998 naturalizou-se brasileiro. É especialista em projetos inovadores na educação presencial e a distância. Doutor em Ciências da Comunicação pela USP e professor de Novas Tecnologias na ECA-USP (aposentado). É ainda consultor “ad hoc” do CNPq, da FAPESP, e da CAPES. Autor dos livros A educação que desejamos: novos desafios e como chegar lá (Papirus, 2007) e Desafios na comunicação pessoal (Paulinas, 2007) e Co-autor de Novas Tecnologias e mediação pedagógica (15a ed., Papirus, 2009), Educação On-line (Loyola, 2003) e Avaliação da Aprendizagem em Educação On-line (Loyola,2006).
O que é educação à distância?
Moran define como sendo educação a distância o processo de ensino-aprendizagem, mediado por tecnologias, onde professores e alunos estão separados espacial e/ou temporalmente, ou seja, não estão normalmente juntos, fisicamente, mas podem estar conectados, interligados por tecnologias, principalmente as telemáticas, como a Internet. Mas também podem ser utilizados o correio, o rádio, a televisão, o vídeo, o CD-ROM, o telefone, o fax e tecnologias semelhantes.
EAD: Existe preconceito? Por quê?
Moran argumenta que a EAD sempre esteve vinculada no Brasil ao ensino técnico, desde a década de 40 com o Instituto Monitor e o Instituto Universal Brasileiro. Depois ao ensino de adultos - os antigos supletivos - com os Telecursos. Moran alega que por isso ainda resiste o preconceito com a EAD principalmente no ensino superior, também o fato de a escola ser uma instituição mais tradicional que inovadora e desde sempre aprender está associado a ir a uma sala e lá concentrarmos todos os esforços para o gerenciamento da relação entre ensinar e aprender.
Avanços e problemas em EAD
Há avanços significativos segundo Moran. Ele argumenta que Diante das dificuldades em atender a milhares de pessoas sem formação adequada, o Governo vem aderindo e incentivando ações à distância. E afirma que o Brasil passa por uma etapa de amadurecimento da Educação a Distância, de legitimação e de consolidação das instituições competentes, apesar do preconceito ainda existente, hoje há muito mais compreensão de que a EAD é fundamental para o país, existem mais de 200 instituições de ensino superior atuando de alguma forma em EAD e o crescimento exponencial dos últimos anos é um indicador sólido de que a EAD é mais aceita do que antes. Mas ainda é vista como uma forma de atingir quem está no interior, quem tem poucos recursos econômicos, quem não pode freqüentar uma instituição presencial ou para atingir rapidamente metas de grande impacto. Ele ainda ressalta certo progresso, que o Brasil passou da fase importadora de modelos, para a consolidação de modelos adaptados à nossa realidade. Para ele as instituições estão aprendendo rapidamente a fazer EAD e isso é uma grande vantagem, porém destaca a necessidade de se ter cautela, há muito marketing em alguns campos, que beira a propaganda enganosa.
Em viagem a diversos estados brasileiros Moran constatou que para muitos alunos a EAD é um grande caminho de inclusão e de crescimento. Porém, declara ter dúvidas se o aluno se torna um pesquisador e caminha para a autonomia intelectual. Também adverte para o fato de que é difícil manter a motivação no virtual, e que diante dessa problemática faz-se necessário envolver os alunos em processos participativos, afetivos, que inspirem confiança, pois no virtual, o aluno está mais distante, normalmente só acessível por e-mail, que é frio, à distância é possível, mas não fácil. Ele também enfatiza que estamos vivendo uma fase de transição na educação à distância, e que muitas organizações estão se limitando a transpor para o virtual adaptações do ensino presencial.
Reconhecendo as inúmeras vantagens da educação à distância, Moran admite permanecer preocupado com os modelos da maioria dos cursos focados, tanto a distância como presenciais, mais no conteúdo do que na pesquisa; na leitura pronta mais do que na investigação e em projetos. Cita que o ensino superior, tanto no presencial como no a distância, reproduz, ainda, um modelo inadequado para a sociedade da informação e do conhecimento, onde nos encontramos.
As perspectivas
Para Moran a tendência é o virtual, em pouco tempo não haverá mais cursos totalmente presenciais. Todas as universidades e organizações educacionais, em todos os níveis, precisam experimentar como integrar o presencial e o virtual, garantindo a aprendizagem significativa.
Segundo ele somente as crianças, pela especificidade de suas necessidades de desenvolvimento e socialização, não podem prescindir do contato físico, da interação; mas nos cursos médios e superiores, o virtual, provavelmente, superará o presencial. Haverá, então, uma grande reorganização das escolas, edifícios menores, menos salas de aula e mais salas ambiente, salas de pesquisa, de encontro, interconectadas. Caminhamos para processos de comunicação audiovisual, para formas fáceis de vermo-nos, ouvirmo-nos, falarmo-nos, escrevermo-nos a qualquer momento, de qualquer lugar, a custos progressivamente menores. Tudo isto exige uma pedagogia muito mais flexível, integradora e experimental diante de tantas situações novas que começamos a enfrentar. Com as tecnologias cada vez mais rápidas e integradas, o conceito de presença e distância se altera profundamente e as formas de ensinar e aprender também. Pondera-se, porém, que infelizmente todos os avanços tecnológicos continuarão privilegiando uma parte da população brasileira. A maior parte das escolas continuará repetindo fórmulas pedagógicas ultrapassadas, com isso teremos escolas avançadas e tradicionais.
Moran conclui que é preciso fomentar novas experiências, dado que estamos vivendo uma etapa fascinante em que precisamos reorganizar tudo o que conhecíamos em novos moldes, formatos, propostas e desafios. As modalidades de cursos serão extremamente variadas, flexíveis e “customizadas”, isto é, adaptadas ao perfil e ao momento de cada aluno. Não se falará daqui a dez ou quinze anos em cursos presenciais e cursos à distância. Os cursos serão extremamente flexíveis no tempo, no espaço, na metodologia, na gestão de tecnologias, na avaliação. O processo de aprender será mais personalizado, feita sob medida para cada aluno. Algumas organizações e cursos oferecerão tecnologias avançadas dentro de uma visão conservadora (só visando o lucro, multiplicando o número de alunos com poucos professores. O importante é experimentar diversas soluções para diversos cursos, todos estão aprendendo. Nenhuma instituição está muito à frente na educação inovadora on-line.
Diante do que foi exposto, e considerando todas as problemáticas e afirmativas enfatizadas pelo autor referente a EAD, é plausível que se concorde com o mesmo em todos os aspectos citados , pois suas colocações são pertinentes ao momento histórico em que nos encontramos,os problemas e avanços por ele referenciados é de fácil percepção visto que estamos vivenciando os mesmos.
Referências Bibliográficas
MORAN, José Manuel. Desafios na Comunicação Pessoal. 3. ed. São Paulo: Paulinas, 2007.
MORAN, José Manoel. Perspectivas (virtuais) para a educação. Disponível no site: http://www.eca.usp.br/prof/moran/futuro.htm. Acessado em 15 de Setembro de 2009.
MORAN, José Manoel. Textos sobre Educação a distância e semi-presencial. Disponível no site: http://www.eca.usp.br/prof/moran/textosead.htm. Acessado em 15 de Setembro de 2009.
MORAN, José Manoel. Os novos espaços de atuação do educador com as tecnologias. Disponível no site: http://www.eca.usp.br/prof/moran/espacos.htm. Acessado em 09 de setembro de 2009.
*A autora é acadêmica do5 ° período do curso de Pedagogia na
Universidade Federal de Rondônia.
Artigo acadêmico escrito em setembro de 2009